Energia limpa e sustentabilidade no Brasil

Rafael Vaz Palmeira
 
 
 
Para qualquer paulistano olhar ao horizonte e perceber uma faixa marrom acinzentada no céu já se tornou rotineiro. O tempo seco, a poluição provinda do excesso de veículos, os mais de 200km de trânsito que a metrópole enfrenta a cada sexta feira prejudicam a vida de qualquer morador com surto de doenças respiratórias, queimação em narinas e olhos.
Ao perguntar ao governo federal qual a posição quanto à produção e incentivo à produção de novas fontes de energia limpa nos deparamos com os altos investimentos em pré-sal e na viabilização do etanol, que apesar de limpo também apresenta alto impacto ambiental. Nos depararemos com a construção da usina de Belo Monte, com obras magníficas e até com pedidos de investimento em usinas nucleares como a Angra 3.
Não há uma proposta de sustentabilidade, de redução do impacto ambiental, de incentivo à produção independente de energia elétrica nem de um incremento no uso de energia limpa. Como há em outros países.
Hoje, em entrevista coletiva voltada ao desemprego, o presidente dos EUA, Barack Obama, comentou que é primordial manter a liderança na produção de tecnologia de energia limpa, citando especificamente os investimentos chineses neste mercado. Também comentou “As empresas de energia limpa podem conseguir dinheiro com “start ups” (oferta pública inicial de ações), mas às vezes precisam de maior ajuda para “scale up” ( crescer)”. Entendo com estas afirmações que a importância do investimento na criação e ampliação de energia limpa é tão importante quanto o alto desemprego e a crise econômica que estão passando.
Atualmente, nos Estados Unidos, um americano que instalar gerador eólico em sua residência goza de 30% de abatimento em seu imposto de renda. Na Dinamarca, os incentivos para aquisição de um carro elétrico chega a 20.000 euros.
No Brasil há capacidade criativa e empreendedora para que o país se torne líder na produção e criação de tecnologia e soluções para criação e uso de energia limpa. Projetos como o da Câmara Municipal de São José, SC que além de instalar um gerador eólico, reduziu seu consumo de energia elétrica a partir de clarabóias e ampliação de janelas.
O engenheiro elétrico Wellington Larcipretti produziu um veículo com base em um carro antigo de fibra de vidro que consome R$5,00 por 100 km rodados em energia elétrica. Ainda em Curitiba, o ex prefeito Jaime Lerner criou o menor carro elétrico do mundo, conceito que deve ser aplicado no uso compartilhado do veículo, por sistema de aluguel. Incorporando o sistema de transporte público. Inovação que foi atração no C40 – encontro dos prefeitos das 40 maiores cidades do mundo, em março deste ano.
No campo, centenas de produtores rurais de bovino e suinocultura aderiram os biodigestores que além de reduzir o impacto ambiental da criação de gado, emissão de gazes como gás metano, tem gerado energia limpa, como a fazenda do Sr. Mario, apresentada no Globo Rural do dia 4 de setembro, produzindo 140Kw de potência 24 horas por dia.
Estou certo que o povo brasileiro tem simpatia por inovação e sustentabilidade. Acredito também que com algum investimento em financiamento à implantação idéias como de biodigestores, carros como o do prefeito de Curitiba e do prédio da Câmara Municipal de São José se difundam não só pela região sul do país mas para todo o Brasil. Desta forma poderíamos passar de exportadores de matéria prima, sandálias e biquínis para exportadores de tecnologia, de soluções em sustentabilidade e do nosso maior patrimônio, a criatividade do brasileiro.

Fonte Top Talent
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