Tem sido cada vez mais comum esbarrar com uma caçamba de entulho nas esquinas do Rio. Com a aproximação da Copa do Mundo e das Olimpíadas, a tendência é que elas se incorporem de vez à paisagem. A notícia é boa, sem dúvida, mas junto com ela vem o cheiro forte de problema antigo e mal resolvido: o que fazer com esse lixo?
No último ano, o volume diário de resíduos da construção civil no aterro de Gramacho passou de 800 toneladas para 1.600 toneladas. Juntando com o entulho das obras da prefeitura são 2 mil toneladas ou 20% de todo o lixo gerado diariamente na cidade. Para piorar, algumas pessoas têm o hábito de deixar sacos com restos de obra na beira de rios ou de estradas. Ou seja, o índice pode chegar a 40% ou até 50%.
Uma resolução do Conama e uma lei estadual estabelecem que esses pedaços de concreto, telhas quebradas e restos de argamassa deveriam ser reciclados e reaproveitados. Mas isso não acontece. Há 15 anos, Belo Horizonte tem três usinas públicas de reciclagem de entulho. No Rio, umas poucas usinas particulares cobram para processar esse lixo e não aceitam se vier sujo. O estado tem um projeto de logística e coleta em ecopontos na Baixada. Também está licitando a construção de duas usinas na região, mas sem previsão de quando entrará em funcionamento.
O professor Romildo Toledo, da Coppe, diz que a tecnologia disponível permite tratar esses resíduos e usá-los na produção de concreto ou na pavimentação de ruas. Reduzindo o desperdício, o uso de recursos naturais como areia e brita e evitando a emissão de gases de efeito estufa. Falta vontade política. Na segunda-feira, a Caixa anunciou a criação de uma linha especial de crédito para prefeituras que queiram investir na reciclagem de entulho. Talvez fosse esse o incentivo que estava faltando.
Qualquer interferência humana no meio ambiente causa danos, e o papel do Ibama é minimizá-los. Não tem jeito. De hidrelétricas, reclamam. Pensou em térmicas, é pau. Nuclear, então... Só se eu abrir uma fábrica de velas
Curt Trennepohl, presidente do Ibama
Ana Branco/17-5-2011
Ana Branco/17-5-2011
NA MEDIDA EM QUE SE aproximam a Copa e as Olimpíadas, tornam-se mais consistentes as projeções de aquecimento do mercado imobiliário na cidade. Junto com as obras, surgem na paisagem caçambas de entulho ou montes de lixo abandonados. A lei prevê que os resíduos de construção devem ser reciclados e reaproveitados, o que não acontece. Em um ano, o volume desse lixo dobrou no aterro de Gramacho.
Lançado esta semana, em São Paulo, o projeto tem tudo para dar certo, servir de exemplo e ganhar outras praças, como o Rio. Conhecido como Gastronomia Sustentável, ele reúne cem restaurantes da cidade em torno de práticas ambientalmente responsáveis. Entre elas, a coleta e reciclagem do óleo de cozinha usado, a mensuração das emissões de CO2 de cada restaurante e o treinamento dos funcionários. O volume de dióxido de carbono emitido vai ser compensado com o plantio de árvores nos arredores da cidade. O projeto que, a princípio está previsto para durar seis meses, conta com o apoio de indústrias do setor de alimentos. A iniciativa prevê também a criação de várias receitas sustentáveis, com o uso de ingredientes da safra. Todos os participantes receberão o selo Green Chef.
Defeso estendido
As obras do porto e o investimento feito em Sepetiba por empresas como a Usiminas, a CSA, a CSN e a Petrobras têm sido vitais para o estado. Mas são a dor de cabeça dos cerca de três mil pescadores e criadores de crustáceos da região. Os peixes têm sumido, e eles são obrigados a buscar sustento em outras áreas. Para resolver o impasse, está sendo elaborado pelo Inea um grande plano de desenvolvimento sustentável. Entre as ideias, a criação de um defeso estendido, com um ano de duração, para que a fauna se recomponha. Nesse período, apoiados pelas empresas, os pescadores recuperariam os barcos e fariam outras tarefas.
Emissões chinesas
A economia que mais cresce no mundo e que mais emite carbono apresentou, semana passada, em Pequim, um ambicioso plano de redução de emissões de CO2. As metas para 2015 incluem, por exemplo, uma alta de 11,4% no consumo de energias alternativas, corte de 30% no uso de água nas indústrias e a queda de 16% no gasto de energia. Além disso, está previsto um aumento de 22% na cobertura de florestas. Mas a surpresa ficou por conta das projeções de crescimento da economia. A média anual cai de 10% para 7% nos próximos anos. O que representará, por si só, uma grande redução nas emissões.
Levantamento da União identificou 735 cidades no país com pelo menos cinco áreas de risco de deslizamento em cada uma. Destas, só 25, ou 3,4%, dispõem de cartas geotécnicas dos morros e encostas. Fundamentais para a previsão de deslizamentos de terra como os que ocorreram na Serra.
Fonte: O Globo - RJ