Disponível em: https://secult.es.gov.br/Not%C3%ADcia/um-olhar-sobre-itapina
Texto e Fotos: Eliane Lordello. Arquiteta e urbanista formada pela Ufes em 1991, mestre em Arquitetura pela UFRJ em 2003 e doutora em desenvolvimento Urbano na área de conservação integrada pela UFPE em 2008. Ela acompanha sítios históricos pela Secult, garantindo a manutenção do patrimônio.
Você já foi ao Sítio Histórico de Itapina, em Colatina? Tem muita história por lá. No texto abaixo, você conhece um pouco mais sobre o Sítio Histórico pela ótica da nossa arquiteta Eliane Lordello, responsável pelo acompanhamento das ações da Secult no Sítio Histórico de Itapina.
Todos os dias é um vai-e-vem
A vida se repete na estação
Tem gente que chega pra ficar
Tem gente que vai pra nunca mais
Tem gente que vem e quer voltar
Tem gente que vai e quer ficar
Tem gente que veio só olhar
Tem gente a sorrir e a chorar
A vida se repete na estação
Tem gente que chega pra ficar
Tem gente que vai pra nunca mais
Tem gente que vem e quer voltar
Tem gente que vai e quer ficar
Tem gente que veio só olhar
Tem gente a sorrir e a chorar
(Milton Nascimento, Encontros e Despedidas)
Itapina é um distrito ferroviário de Colatina, Espírito Santo, uma vila que vê todos os dias, e muitas vezes ao dia, a passagem do trem, seja de passageiros, seja de minério. A vila conheceu tempos áureos, em que vicejava pelo comércio e os serviços, ligados à estação de trem. Ademais disso, a área rural de Itapina registrou, outrora, significativa produção de café. A erradicação deste “ouro-verde”, nos anos 1970 contribuiu fortemente para a decadência da vila. Esse declínio, no entanto, acabou por preservar o conjunto arquitetônico, que junto com a paisagem circundante conformam o ambiente urbano de Itapina.
Em reconhecimento a esse ambiente urbano preservado, o sítio histórico foi tombado pelo Conselho Estadual de Cultura, por meio da Resolução CEC No 003/2013. Atualmente, o sítio histórico recebe visitas quinzenais dos técnicos da Secretaria de Estado da Cultura (SECULT). Nessas oportunidades, são dadas orientações aos moradores da vila, quanto à conservação de seus imóveis e a respeito de intervenções no conjunto arquitetônico, urbanístico e paisagístico do local.
Essas qualidades urbanas e paisagísticas de Itapina pautam este texto, que visa, tão somente, narrá-las e ilustrá-las, como um convite a olhar Itapina, com o carinho que a vila merece.
Sendo Itapina uma vila desenhada com o rio Doce, este curso de água marca fortemente a paisagem do local, ressaltando-a por água, pedras e vegetações. Assim, o leito entre ocre e verde do rio, os cinzas das pedras, os verdes em vários matizes margeiam e colorem toda a extensão do traçado urbano da vila.
Em termos de configuração urbana, o desenho da vila é delineado pelo rio e pela linha férrea, da qual persistem os trilhos e a antiga estação.
Atualmente reduzida a uma parada dos comboios que correm por aí todos os dias, seja levando pessoas ou minério, na linha Vitória-Minas, a estação merece ser ressignificada. Gestões para isso estão sendo realizadas pela SECULT.
Já na vila de Itapina, a principal via recebeu o nome de uma antiga moradora do local, Elisa Castiglione Rosa. Nela estão os principais imóveis que testemunham o movimento comercial de outrora no local.


Um deles é o casarão onde viveu a escritora e dramaturga Virgínia Tamanini, restaurado pela Secretaria de Estado da Cultura para sediar o Museu Virgínia Tamanini. Nascida em Santa Teresa, Tamanini é autora do livro Karina, sobre a imigração italiana no Espírito Santo, e teve Itapina por moradia por muitos anos.
A Casa da Parteira Perina Rognoni, cujas mãos deram à luz tantos itapinenses. O imóvel hoje abriga um centro de referência e memória do trabalho da parteira.
A Casa Carneiro, que voltou a ser habitada após o restauro.


São técnicos, pesquisadores e professores que frequentam a vila – e a comunidade os acolhe, comparecendo às reuniões de discussão sobre sítio histórico, e aos eventos nele desenvolvidos.
Entre esses eventos, destacam-se as oficinas e cursos de educação patrimonial, frequentes em Itapina. Na foto acima, vemos uma reunião na escola Maria Ortiz durante evento de educação patrimonial apoiado pelos Editais de Cultura do Funcultura, e com orientações da SECULT.
Diante do quadro atual da vila, e por tudo o que acima foi dito, só nos resta agradecer a oportunidade de trabalhar por Itapina.
Muito obrigada!