Perfis de concreto armado serão moldados em uma doca antes de serem imersos. Sistema dispensa a escavação do canal
Mauricio Lima
A ligação seca entre as cidades de Santos e  Guarujá, no litoral paulista, será realizada por um túnel de  aproximadamente 900 m de extensão. De acordo com o Governo do Estado de  São Paulo, o projeto previsto inicialmente para a construção da ponte  foi descartado porque a altura máxima permitida na região, pela  proximidade com a Base Aérea, é de 75 m. No entanto, a ponte deveria ter  pelo menos 85 m de altura para atender ao gabarito do Porto de Santos,  inviabilizando o projeto. 

 Trajeto do túnel
O túnel será construído com perfis de  concreto armado moldados em uma doca seca, que serão imersos e  afundados, evitando-se a escavação do canal.  "Basta fazer uma dragagem  na areia do fundo para assentar os perfis, que depois são recobertos  pela areia", disse o diretor presidente do Dersa (Desenvolvimento  Rodoviário S. A.), Laurence Casagrande Lourenço. A estrutura terá  profundidade mínima de 21 m, respeitando as exigências do Porto para a  navegação.
 
  Profundidade mínima exigida é de 21 m
Segundo Lourenço, a tecnologia foi  escolhida em função dos custos mais baixos de implantação. "O custo do  (túnel) imerso é menor que o do escavado. Depois, a escavação, para  garantir a segurança dos trabalhadores e a viabilidade técnica do túnel,  deveria ser feita em grande profundidade, que encarece cada vez mais as  obras", disse. A construção deve custar aproximadamente R$ 1,3 bilhão.
Os acessos ao túnel imerso serão executados por meio do sistema cut  and cover, que consiste na cravação das estacas laterais que servirão  como estruturas das paredes da via. A estrutura de cobertura, então, é  apoiada nas estacas e, posteriormente, se processa a escavação, a  estruturação do piso e o revestimento das estacas (paredes). 
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  Croqui do acesso
Ao todo, o túnel terá 34,92 m de largura,  abrigando três vias de automóveis em cada sentido e uma via central para  pedestres e ciclistas. De acordo com o Dersa, foram simulados 13  projetos diferentes de travessia, tanto pontes quanto túneis,  localizados em sete posições diferentes. "A travessia pela região  intermediária se mostrou melhor que as outras, pois fica mais próximo  das pessoas que moram no bairro de Vicente de Carvalho e trabalham no  centro de Santos", disse Lourenço.
O governo ressalta que o sistema de travessia via balsa será mantida,  mas com menor tráfego. Para a travessia pelo túnel, o pedágio terá a  mesma tarifa da balsa: R$ 8,80 para carros e camionetes e R$ 4,40 para  motos. Ciclistas e pedestres não pagarão pedágio. 
A partir de agora, a Dersa iniciará os trabalhos para a contratação  do projeto executivo da obra, concluindo o processo licitatório em  janeiro de 2012. A expectativa do governo é de que a obra seja  contratada no início de 2013, e concluída no primeiro semestre de 2016.
Ligação por ponte
Em março, a Ecovias apresentou ao governo o projeto de uma ponte em  arcos que possuiria 4,5 km de extensão e um vão livre central de 85 m de  altura e 120 m de comprimento. O custo da obra, de aproximadamente R$  1,2 bilhão, seria bancado pela própria empresa. O projeto foi aprovado  na Companhia Docas, mas não foi aprovado pelo Estado.
 
 Projeto apresentado em 2010
Em maio de 2009, a Secretaria dos Transportes  do Governo do Estado de São Paulo já havia apresentado um projeto para a  ligação das duas cidades, que seria feita por uma ponte estaiada de 2,8  km de extensão. Na época, os dados preliminares previam um custo da  obra de R$ 500 milhões e o tempo de construção de 30 meses. 

Projeto de ponte estaiada apresentado em 2009 
 
 
 
